Os superdotados representam um grupo que é pouco compreendido e negligenciado. Há uma escassez de programas específicos, direcionados para o atendimento desse grupo (Fleith, 2002). O posicionamento do MEC em relação às legislações pertinentes a este grupo, se dá através da divisão dos indivíduos superdotados em alguns tipos, de acordo com a área de habilidade que apresentam, quais sejam: intelectual, social, acadêmico, criativo, psicomotor e talento especial (Brasil, 1995, p. 13). Dentre essas categorias, encontram-se na literatura algumas características comuns, tais como a curiosidade, autoiniciativa, originalidade, flexibilidade de pensamento, aprendizado rápido, fácil e eficiente e o raciocínio rápido, como apontam Almeida e Cappelini (2005).
A identificação precoce das altas habilidades é fundamental, uma vez que estes alunos demandam pronto atendimento, objetivando o pleno desenvolvimento de suas capacidades e ajustamento social, como retratam Almeida e Cappelini (2005).
Alencar (2003) coloca que o que tem sido amplamente discutido com relação ao aluno que se destaca por um potencial superior é que o ambiente educacional típico não está preparado para atender de forma adequada as necessidades desse aluno. De modo geral, o ensino regular é direcionado para o aluno médio e abaixo da média, e o superdotado, além de ser deixado de lado neste sistema, é visto, muitas vezes, com suspeita por professores que, por sua vez, se sentem ameaçados diante do aluno que questiona, que os pressiona, muitas vezes, com suas perguntas e comentário. A autora ainda aponta que, ao perguntar a alguns professores como se sentiriam caso soubessem que receberiam alunos superdotado em sua classe, muitos responderam que preferiam que isto não ocorresse, uma vez que esse aluno poderia constituir problema em classe. Tal dado sugere as dificuldades de muitos para lidar com os alunos que se destacam por um potencial superior e o reduzido grau de preparação docente para favorecer o desenvolvimento mais pleno do potencial humano.
Seeley (1985) menciona que professores sem capacitação ou conhecimentos na área da superdotação tendiam a serem desinteressados ou até mesmo hostis com relação ao aluno superdotado; apresentavam atitudes negativas que levavam alunos com Altas Habilidades a modificar o seu comportamento em sala de aula, se auto-sabotando, e escondendo suas habilidades e facilidades para se assemelharem a seus colegas sem estas habilidades, talentos e competências pudessem se sobressair, o que considera-se “nivelar por baixo”.
Alencar (2003) lembra que dificuldades de ajustamento podem ocorrer diante da falta de atendimento educacional especial, falta de capacitação dos professores e conhecimento do assunto por parte deste, principalmente em casos de alunos com QI extremamente elevado, que seriam mais sujeitos a enfrentamento de problemas de ajustamento e dificuldades emocionais, que são menos frequentes entre superdotados que não apresentam um QI extremamente elevado. Hollingworth (1942) demonstrou que esses alunos não se empenhavam na escola, passavam tempo alheios e sonhando acordado e, para eles, a frequência à escola era tida como perda de tempo, dada a distância entre as demandas da escola e as suas competências pessoais.