20 de maio de 2011

Meu filho superdotado

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Ter uma criança com potencial acima da média ainda traz muitas dúvidas às famílias e às escolas. Saiba como identificar e apoiar as crianças superdotadas 


Eduardo tinha apenas 2 anos de idade quando começou a reconhecer nomes de farmácias e supermercados nos letreiros quando passeava de carro com os pais. Aos 4 anos, já sabia ler e tinha muita facilidade de memorização. Os pais, Luiza Petry Teixeira e Ananias Cezar Teixeira, acompanhavam com orgulho a desenvoltura do filho, mas nem imaginavam que ele era superdotado. A confirmação só veio aos 7 anos, quando a professora sugeriu que fosse feita uma avaliação. “Para nós, ele não era superdotado, apenas um pouco mais inteligente que a média. Não tínhamos outros filhos para comparar”, ressalta a mãe.
Estima-se que o Brasil tenha pelo menos 1,5 milhão de superdotados. O dado é impreciso, já que muitos indivíduos com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) se desenvolvem sem receber essa classificação e o acompanhamento adequado. A AH/SD é o termo adotado pela comunidade científica para denominar a superdotação.
De acordo com a psicóloga Ana Cristina Strützel Antunes Paschoareli, mestre em Inteligência Artificial, já faz tempo que a inteligência humana deixou de ser vista como um elemento unidimensional. “Howard Gardner, professor da Universidade de Harvard, propõe a Teoria das Inteligências Múltiplas, ou seja, a existência de oito diferentes inteligências: verbal-linguística, lógico-matemática, visual-espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Mais recentemente ele também fala da inteligência emocional e da inteligência espiritual. Cada indivíduo poderá desenvolver uma combinação diferente destas múltiplas facetas da inteligência, o que dependerá de sua bagagem genética, da cultura, do contexto em que vive, e das oportunidades de aprendizagem”, ressalta. Ou seja, não existe uma única via para caracterizar uma criança superdotada.
Divisões da superdotação
Os especialistas dividem as AH/SD em duas: superdotação acadêmica ou escolar e a superdotação criativo-produtiva. O que difere uma da outra é a manifestação do potencial do indivíduo. A primeira é aquela na qual o rendimento escolar se destaca. A criança com esse tipo de superdotação tira notas boas na escola, apresenta grande vocabulário, gosta de fazer perguntas, necessita de pouca repetição do conteúdo escolar, aprende com rapidez, apresenta longos períodos de concentração,
superdotada2  tem boa memória, entre outras coisas.
Já no caso da superdotação criativo-produtiva, a ênfase está na produção de materiais originais. A criança apresenta muita imaginação, um senso grande de justiça, procura novas maneiras de realizar as tarefas, gosta de fantasiar, presta muita atenção aos detalhes, não gosta de rotinas e encontra ordem no caos.
Diagnóstico precoce
Carolina Diogo Cancian e Ariel Secco Cancian descobriram que a filha Beatriz, hoje com 6 anos, era AH/SD quando tinha 3 anos. Desde cedo a família começou a prestar atenção no comportamento avançado da filha. “Desde pequenina já desconfiávamos que ela era diferente das crianças de sua idade. Com 1 ano falava perfeitamente e tomou algumas decisões que mexeram conosco, como, por exemplo, jogar as chupetas no lixo e parar de usar fraldas antes mesmo de completar 1 ano e meio, e com muita clareza do que estava fazendo”, conta Carolina.

Bullying
A situação é encantadora para os pais. Por outro lado, acompanhar o desenvolvimento de uma criança com AH/SD exige atenção e discernimento. “A habilidade relacional do superdotado está vinculada ao tipo de superdotação que ele apresenta. A partir de observações e depoimentos, percebe-se que o aluno com superdotação acadêmica tende a apresentar mais dificuldades relacionais, tanto por conta de seu desempenho discrepante em relação aos outros alunos quanto pelo isolamento a que os próprios colegas podem submetê-lo. No caso da superdotação criativo-produtiva, este quadro tende a ser revertido, sendo uma criança com características de liderança, que sabe ser carismática, e que se destaca socialmente”, explica Ana Cristina.
superdotada3Carolina sabe o que é isso, pois teve que lidar com um certo preconceito e falta de jogo de cintura de outros pais. “Tivemos que conversar bastante para explicar que a cabecinha dela acompanhava os amigos. As mães e pessoas questionavam a idade dela, mas estamos fazendo com que ela se socialize de outras maneiras, buscando seus pares, crianças iguais ou interagindo com crianças maiores.”
Luiza também conta episódios de bullying sofrido por Eduardo. “Alguns colegas de sala se incomodavam com ‘aquele garoto que sabe responder tudo’ para as professoras... Mas os problemas foram contornados com a ajuda da pedagoga da escola”, salienta a mãe.
Ambas as famílias procuraram orientação cedo e buscam dar o melhor suporte para seus filhos. Quando questionadas sobre o futuro, tanto Carolina quanto Luiza são taxativas ao dizer que só esperam o melhor para as crianças. “Espero que este potencial todo seja aproveitado com coisas que o tornem um ‘grande homem’ acima de qualquer coisa”, destaca Luiza.
Já Carolina aposta no potencial da filha como diferencial na vida profissional. “Acredito que ela assumirá cargos que exijam liderança e autonomia, pois estes são seus traços marcantes desde pequena.”
Assim são os superdotados
Veja as características da pessoa superdotada ou com altas habilidades:
* Aprendem a ler mais precocemente e apresentam melhor compreensão das nuances da linguagem. É comum lerem com maior rapidez e apresentarem vocabulários mais amplos;
* Geralmente aprendem habilidades básicas melhor, mais rapidamente, e com menor número de exercícios práticos;
* Frequentemente são capazes de identificar e de interpretar dicas não-verbais, elaborando inferências que outras crianças dependeriam da ajuda de um adulto;
* Têm menor aceitação de "verdades prontas", partindo em busca dos "como" e dos "porquês";
* São geralmente capazes de se relacionar bem com pais, professores e outros adultos, podendo preferir a companhia de crianças mais velhas e de adultos;
* São altamente motivados a examinar aquilo que é incomum, sendo inquisitivos e buscando a compreensão dos fenômenos;
* São frequentemente organizados, direcionados para um objetivo e eficientes no que se refere a tarefas e à solução de problemas;
* Exibem motivação para aprender, descobrir ou explorar, sendo normalmente muito persistentes. "Prefiro eu mesmo fazer" é uma atitude comum;
* Apresentam capacidade de manter longos períodos de atenção e de concentração.

Criança especial
superdotada4 A psicóloga Ana Cristina Strützel Antunes Paschoareli explica que as crianças com Altas Habilidades / Superdotação devem receber um atendimento diferenciado nas escolas. Deacordo com ela, os portadores de AH/SD são reconhecidamente indivíduos especiais, que necessitam de espaço, apoio e estímulos para desenvolver todo o seu potencial.

Nossa fonte
Ana Cristina Strützel Antunes Paschoareli é mestre na área de Inteligência Artificial pela Universidade Federal de Uberlândia.




Texto Rose Araujo


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